Vacina HPV
O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus de DNA que afeta pele e mucosas, causando verrugas genitais, lesões precursoras de câncer de colo do útero e do trato anogenital. Ele está presente em 99% dos casos de câncer de colo de útero, 63% dos casos de câncer de pênis, 91% dos casos de câncer de ânus, 75% dos casos de câncer de vagina, 72% dos casos de câncer de orofarinfe e 69% dos casos de câncer de vulva.
Existem mais de 200 tipos de HPV, sendo os tipos 16 e 18 mais relacionados com câncer de colo do útero (presente em 70% deles) e os tipos 6 e 11 mais associados aos condilomas acuminados (responsável por 90% deles).
A transmissão desse vírus é através do contato pele a pele e pele e mucosa, penetrando através de microfissuras e pelas células metaplásicas do colo do útero e de outros tecidos.
Aproximadamente 600 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo HPV, sendo considerada a infecção sexualmente transmissível de maior incidência. Estima-se que a probabilidade de adquirir o HPV em algum momento da vida é de 91,3% para homens e 84,6% para mulheres.
O sistema imune eficiente pode impedir a evolução ou curar essas lesões precursoras. Elas tem grande chance de remissão espontânea em até dois anos, principalmente em mulheres jovens abaixo de 25 anos.
Com a utilização da vacina contra HPV, se observa uma diminuição importante damorbimortalidade das doenças atribuíveis ao HPV em todo o mundo.
O Brasil tem dois tipos de vacinas licenciadas desde 2014: a bivalente contra os tipos 16 e 18 e a quadrivalente contra os tipos 6, 11, 16 e 18. Existe ainda a vacina nonavalente que além de imunizar contra os tipo 6, 11, 16 e 18, ela apresenta cinco tipos adicionais de HPV (31, 33, 45, 52 e 58), aumentando o potencial de prevenção de câncer de 70% para 90%. No Brasil, essa vacina nonavalente foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2017, mas aguarda licenciamento para utilização, ainda sem previsão.
O Sistema Único de Saúde (SUS)oferece a vacina quadrivalente contra HPV, tendo como indicações atuais:
- Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos no esquema vacinal de duas doses (0-6 meses)
- Homens entre 9 a 26 anos e mulheres entre 9 a 45 anos com HIV ou imunossupressão por transplante ou tratamento oncológicocom radioterapia ou quimioterapia, no esquema vacinal de 3 doses (0-2-6 meses).
Observamos a eficácia máxima da vacina antes do início da vida sexual, porém também há proteção nas mulheres que já tiveram relação sexual, bem como nas que estão em tratamento de doenças HPV induzidas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina tem um bom perfil de segurança e mínimos efeitos adversos: 10 a 20% das pessoas podem apresentar dor, edema e eritema no local da injeção.
Ainda não existe uma informação concreta com relação a duração da proteção após esquema vacinal completo, não sendo necessário dose de reforço até o momento.
São contraindicações a vacina contra HPV: alergia a algum de seus componentes e gestação.
Apesar do uso da vacina contra HPV, as pacientes devem ser orientadas sobre a importância do uso do preservativo e da manutenção do rastreamento do câncer de colo do útero, visto que as vacinas atualmente disponíveis no Brasil protegem somente contra 70% dos cânceres de colo de útero.